Depois de apressadamente tomar o cafezinho matinal nos dos lugares habituais, saí!
De uma das mesas por que passei, chegou-me, de forma claríssima e audível:
- Mas, consegues ir buscar mais do que descontas?
- Não descontas e vais buscar!
Não ouvi mais, não esperava ouvir tanto e entenda-se que nem desejei inteirar-me completamente do assunto em questão, contudo, este breve comentário picou-me.
Fosse qual fosse o tema da conversa, está nela vincada a belíssima esperteza lusitana que usa e abusa de esquemas fraudulentos para benefício pessoal.
Já não basta reduzir a obrigação, é necessário, divulgável e socialmente admirável que a obrigação não cumprida seja considerada como havida e ressarcida com direitos majorados.
Foi num café da terra!
Os valores envolvidos seriam de pouca monta, mas, ao que me parece, esta atitude perpassa por muitas mentes brilhantes.
Atente-se às mais recentes notícias sobre altas esferas financeiras e aos tão mal disfarçados envolvimentos entre finança e política.
Assim, este país dificilmente sairá da cauda das listas das boas práticas.
...contos, memórias e outras histórias, ...onde pousar palavras que desejem durar um pouco mais.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Douro Litoral, Não é?
Circulava, fechando o cortejo, pelos corredores de S. Bento, com duas turmas de 4.º ano de escolaridade, no silêncio possível, quando, em bom som, lá no início do grupo, alguém se nos dirige com um agradável e sorridente:
- Então, de onde é esta gente?
Sim! Este S. Bento é mesmo o palácio! Aquele onde se exerce a democracia e a nacionalidade. A Assembleia da República.
Sim! Este agradável interlocutor tinha aspecto e elegância a combinar e saía do hemiciclo. Seria, em princípio, um ilustre deputado da nação.
Até aqui nada a estranhar. Nem a presença dos intervenientes, nem no tom e palavras usadas para a comunicação entre estes, nem sequer na resposta da minha colega que, claramente, fez questão de elucidar, a preceito, com um bem pronunciado – “Vila Nova de Famalicão!”.
Estranho sim e sem sequer comentar, o seguinte comentário do presumível “Deputado da Nação”:
- Ah! Muito bem! Isso fica no Douro Litoral. Não é?
- Então, de onde é esta gente?
Sim! Este S. Bento é mesmo o palácio! Aquele onde se exerce a democracia e a nacionalidade. A Assembleia da República.
Sim! Este agradável interlocutor tinha aspecto e elegância a combinar e saía do hemiciclo. Seria, em princípio, um ilustre deputado da nação.
Até aqui nada a estranhar. Nem a presença dos intervenientes, nem no tom e palavras usadas para a comunicação entre estes, nem sequer na resposta da minha colega que, claramente, fez questão de elucidar, a preceito, com um bem pronunciado – “Vila Nova de Famalicão!”.
Estranho sim e sem sequer comentar, o seguinte comentário do presumível “Deputado da Nação”:
- Ah! Muito bem! Isso fica no Douro Litoral. Não é?
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Avenida ???
"Vai para uma temporada, encontrei, sobre as pedras de um passeio de Vila Nova de Famalicão, uma placa identificadora de rua.
Vitima de vandalismo, não caída.
Procurei o lugar de pertênça e nos cantos quebrados do acrílico azul, ainda presos ao seu suporte, ficaram as marcas de ter sido violentamente arrancada .
Criticável atitude! Ainda mais, porque ao acto, o seu autor poderá ter a veleidade de associar a sua própria liberdade de contestação política.
Muito estranho. Tão estranho como ser capaz de esquecer que as datas, e as datas significativas, deixam marcas que não se apagam pela vontade de um qualquer cretino.
Quando, pela calada da noite, se arvora em crítico político, o autor não pensa que, se o seu acto se realizasse noutra data, não se escudaria nessa liberdade.
Ou então, não teria a coragem necessária para a prática deste acto, nem de outros que, bem mais significativos e construtivos outros tiveram, quando disseram, escreveram, cantaram e manifestaram, nas praças do regime o seu descontentamento, sob pena de um dia, pela calada da noite, como o vândalo, a polícia política os arrastar para a cadeia, sem culpa formada.
Agradeça, o vândalo, a desnecessidade de coragem para o seu acto, àqueles que o seu acto contesta.
Foram estes que inventaram a data que, quer queira quer não, ficara marcada na história de um país e um povo como a sombra da placa se mantém na parede que a suportara.
Estranho é também, que hoje, dia 26 de Abril de 2006, a placa não tenha sido recolocada."
Quando escrevi estas linhas, fi-lo a pensar que poderiam ser publicadas. Mas não o foram, de facto. Contudo, num destes dias, em buscas pelos meandros dos meus "flop's" e "hard's", encontrei o texto que, infelizmente, continua tão actual como na altura.
Vitima de vandalismo, não caída.
Procurei o lugar de pertênça e nos cantos quebrados do acrílico azul, ainda presos ao seu suporte, ficaram as marcas de ter sido violentamente arrancada .
Criticável atitude! Ainda mais, porque ao acto, o seu autor poderá ter a veleidade de associar a sua própria liberdade de contestação política.
Muito estranho. Tão estranho como ser capaz de esquecer que as datas, e as datas significativas, deixam marcas que não se apagam pela vontade de um qualquer cretino.
Quando, pela calada da noite, se arvora em crítico político, o autor não pensa que, se o seu acto se realizasse noutra data, não se escudaria nessa liberdade.
Ou então, não teria a coragem necessária para a prática deste acto, nem de outros que, bem mais significativos e construtivos outros tiveram, quando disseram, escreveram, cantaram e manifestaram, nas praças do regime o seu descontentamento, sob pena de um dia, pela calada da noite, como o vândalo, a polícia política os arrastar para a cadeia, sem culpa formada.
Agradeça, o vândalo, a desnecessidade de coragem para o seu acto, àqueles que o seu acto contesta.
Foram estes que inventaram a data que, quer queira quer não, ficara marcada na história de um país e um povo como a sombra da placa se mantém na parede que a suportara.
Estranho é também, que hoje, dia 26 de Abril de 2006, a placa não tenha sido recolocada."
Quando escrevi estas linhas, fi-lo a pensar que poderiam ser publicadas. Mas não o foram, de facto. Contudo, num destes dias, em buscas pelos meandros dos meus "flop's" e "hard's", encontrei o texto que, infelizmente, continua tão actual como na altura.
Certamente que os políticos locais se passearam, na mais recente comemoração da data, de cravo em lapela, por eventos de praxe, animados por criancinhas e jovens, de quem se fala desconhecerem a data. Contudo, não passaram pela Avenida 25 de Abril, não perceberam a falta da placa identificadora da dita, não reflectiram que o seu papel de hoje deriva, em boa parte, desse dia e não reconheceram, nem reconhecem, que é a todos que cabe o papel de formar a consciência colectiva.
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