"Vai para uma temporada, encontrei, sobre as pedras de um passeio de Vila Nova de Famalicão, uma placa identificadora de rua.
Vitima de vandalismo, não caída.
Procurei o lugar de pertênça e nos cantos quebrados do acrílico azul, ainda presos ao seu suporte, ficaram as marcas de ter sido violentamente arrancada .
Criticável atitude! Ainda mais, porque ao acto, o seu autor poderá ter a veleidade de associar a sua própria liberdade de contestação política.
Muito estranho. Tão estranho como ser capaz de esquecer que as datas, e as datas significativas, deixam marcas que não se apagam pela vontade de um qualquer cretino.
Quando, pela calada da noite, se arvora em crítico político, o autor não pensa que, se o seu acto se realizasse noutra data, não se escudaria nessa liberdade.
Ou então, não teria a coragem necessária para a prática deste acto, nem de outros que, bem mais significativos e construtivos outros tiveram, quando disseram, escreveram, cantaram e manifestaram, nas praças do regime o seu descontentamento, sob pena de um dia, pela calada da noite, como o vândalo, a polícia política os arrastar para a cadeia, sem culpa formada.
Agradeça, o vândalo, a desnecessidade de coragem para o seu acto, àqueles que o seu acto contesta.
Foram estes que inventaram a data que, quer queira quer não, ficara marcada na história de um país e um povo como a sombra da placa se mantém na parede que a suportara.
Estranho é também, que hoje, dia 26 de Abril de 2006, a placa não tenha sido recolocada."
Quando escrevi estas linhas, fi-lo a pensar que poderiam ser publicadas. Mas não o foram, de facto. Contudo, num destes dias, em buscas pelos meandros dos meus "flop's" e "hard's", encontrei o texto que, infelizmente, continua tão actual como na altura.
Vitima de vandalismo, não caída.
Procurei o lugar de pertênça e nos cantos quebrados do acrílico azul, ainda presos ao seu suporte, ficaram as marcas de ter sido violentamente arrancada .
Criticável atitude! Ainda mais, porque ao acto, o seu autor poderá ter a veleidade de associar a sua própria liberdade de contestação política.
Muito estranho. Tão estranho como ser capaz de esquecer que as datas, e as datas significativas, deixam marcas que não se apagam pela vontade de um qualquer cretino.
Quando, pela calada da noite, se arvora em crítico político, o autor não pensa que, se o seu acto se realizasse noutra data, não se escudaria nessa liberdade.
Ou então, não teria a coragem necessária para a prática deste acto, nem de outros que, bem mais significativos e construtivos outros tiveram, quando disseram, escreveram, cantaram e manifestaram, nas praças do regime o seu descontentamento, sob pena de um dia, pela calada da noite, como o vândalo, a polícia política os arrastar para a cadeia, sem culpa formada.
Agradeça, o vândalo, a desnecessidade de coragem para o seu acto, àqueles que o seu acto contesta.
Foram estes que inventaram a data que, quer queira quer não, ficara marcada na história de um país e um povo como a sombra da placa se mantém na parede que a suportara.
Estranho é também, que hoje, dia 26 de Abril de 2006, a placa não tenha sido recolocada."
Quando escrevi estas linhas, fi-lo a pensar que poderiam ser publicadas. Mas não o foram, de facto. Contudo, num destes dias, em buscas pelos meandros dos meus "flop's" e "hard's", encontrei o texto que, infelizmente, continua tão actual como na altura.
Certamente que os políticos locais se passearam, na mais recente comemoração da data, de cravo em lapela, por eventos de praxe, animados por criancinhas e jovens, de quem se fala desconhecerem a data. Contudo, não passaram pela Avenida 25 de Abril, não perceberam a falta da placa identificadora da dita, não reflectiram que o seu papel de hoje deriva, em boa parte, desse dia e não reconheceram, nem reconhecem, que é a todos que cabe o papel de formar a consciência colectiva.